quarta-feira, 25 de junho de 2008

Guião com as Etapas do Processo de Investigação

Grupo Verde
Guião de Investigação

As positividades não caracterizam formas de conhecimento
Foucault

Introdução


Os diversos modelos de investigação podem dividir-se, de um modo geral, em investigação qualitativa, quantitativa e mista; o primeiro paradigma baseia-se na recolha de dados qualitativos, ou seja, rico em pormenores descritivos relativos a locais, pessoas e conversas, sendo os seus resultados apresentados sob a forma de relatório narrativo com descrições contextuais; já o segundo paradigma baseia-se na recolha de dados quantitativos – questionários de resposta fechada, por exemplo –, sendo as suas conclusões normalmente apresentadas sob a forma de relatórios estatísticos. Quanto à investigação mista, envolve ambos os paradigmas, qualitativo e quantitativo, e pode ser mais ou menos influenciada por cada um deles.
As primeiras tentativas no âmbito da investigação em educação realizaram-se sob o signo do positivismo e do paradigma quantitativo, uma vez que se procurava uma explicação causal para os fenómenos; porém, este modelo cedo se revelou insuficiente e a tendência actual é para a conciliação entre métodos quantitativos e qualitativos, procurando, mais do que explicar, compreender os fenómenos educativos em toda a sua complexa dimensão.
Sabendo que a investigação pressupõe:

1) um questionamento sistémico, planeado e crítico; e

2) espírito de curiosidade e vontade de compreender algo, a metodologia a adoptar na investigação depende da natureza das questões – problema formuladas, assim como o próprio “produto final” que se procura obter.


Como se desenrola o processo de investigação? Que perfil deve ter o investigador? Quais as etapas que se tem que percorrer? A que dados recorrer? Que técnicas utilizar? É possível chegar a conclusões válidas? Que fazer com os resultados?
Foram estas questões que nos levaram a encetar diversas leituras e a elaborar um guião que, no nosso entender, contempla os vários passos que deve dar o investigador em educação[1].


Assim, o plano por nós desenvolvido foi estruturado com base numa investigação qualitativa, por este ser o tipo de investigação mais utilizada na área das Ciências da Educação.

Este paradigma tem, segundo Bogdan e Biklen (1994), cinco características:

1) a fonte directa de dados é o ambiente natural, sendo o investigador o principal instrumento;

2) carácter descritivo;

3) os investigadores interessam-se mais pelo processo do que pelo produto;

4) a análise de dados é feita de forma indutiva; e

5) é dada uma vital importância ao modo como as diferentes pessoas envolvidas interpretam os significados.


O paradigma qualitativo prevê, durante a investigação, a contextualidade e a subjectividade de atitudes e respostas inerentes à condição humana, o que o transforma no melhor modelo de investigação quando o objecto de estudo são as pessoas, as suas relações e comportamentos.





1. Elaboração de um pré – projecto de investigação tendo como base a identificação prévia das áreas de pesquisa a desenvolver recorrendo à análise/exploração de trabalhos de pesquisa existentes, a par da teoria em vigor

Pré – Projecto


. Título (mesmo que este possa vir a ser alterado);
. Objectivo da investigação:
- problema de investigação;
- justificação do estudo;
- limitações do estudo;
- questões ou hipóteses de investigação;
- definição de termos (palavras – chave do estudo a realizar);
- revisão da literatura.

2. Procedimentos a ter em conta para a elaboração do projecto de investigação:

. Apresentação do plano de investigação;
. Indicação do processo de amostragem (sua justificação);
. Instrumentos de pesquisa a utilizar;
. Actividades a desenvolver (descrição pormenorizada de todas as etapas / fases da investigação);
. Validade (de que forma será levada a cabo a validade interna do estudo);
. Análise de dados;
. Calendarização.
. Referências bibliográficas.


3. Projecto de Investigação:

3.1 - Planeamento


- Formulação do Problema que dá origem ao estudo a realizar,
- Identificação dos objectivos, relevância e limitações
- Formulação da pergunta inicial: observar o quê?
- Formulação de questões e das intenções/hipóteses de investigação (resultantes da pergunta de partida), tendo em vista a clarificação do objecto de estudo e que serão a referência para a posterior definição dos rumos da investigação
- Revisão da literatura sobre o assunto;
- Escolha do modo de abordagem de recolha e análise de dados (Paradigma ou método de Estudo - quantitativo ou qualitativo)
- Elaboração de um plano de investigação
* estratégias de recolha de informação que serão orientadas por perguntas e hipóteses, tendo em atenção o inesperado;
* definição do objectivo da pesquisa;
* definição clara da meta ou etapas a alcançar pelo investigador: estudos exploratórios (fazem o reconhecimento de uma determinada realidade); estudos sociográficos ou descritivos; e estudos verificadores de hipóteses causais (partem das hipóteses para a sua verificação)
- Selecção de técnicas de investigação
- Selecção e/ou construção de instrumentos de pesquisa
- Identificação e articulação dos recursos necessários à investigação (exequibilidade)
* Apoio financeiro;
* Apoio logístico;
* Apoio documental;
* Orientação científica.

3.2 - Obtenção de acesso ao campo de estudo

3.3 – Elaboração das grelhas de análise dos dados

3.4 - Análise do campo

3.5 - Recolha de dados


- Observação
- Entrevista
- Fotografia
- Documentos/estatísticas oficiais
- …

3.6 - Elaboração das notas de campo

3.7 - Análise dos dados recolhidos
- Interpretação dos dados tendo como base os estudos teóricos

3.8 - Elaboração das conclusões

3.9 – Divulgação dos resultados


Conclusão


Apesar dos avanços que a investigação em educação tem conhecido nas últimas décadas, podemos dizer que ainda não se atingiu a maturidade, se é que tal desiderato será alguma vez alcançado. Numa época de mudança constante e meteórica, professores e investigadores devem trabalhar em conjunto para que a prática pedagógica seja cada vez mais eficaz e eficiente. É necessário ter bem claro todos os passos de um processo de investigação e, sobretudo, conhecer os vários paradigmas, respectivas potencialidades e limitações. Não há receitas previamente definidas, pois tudo depende do campo definido e da problemática que se pretende desenvolver. Todos os métodos são úteis, desde que o investigador os saiba explorar e adaptar. O ideal é que se trabalhe em equipas o mais interdisciplinar possível, pois o fenómeno educativo é complexo. Também se deve ter consciência de que não há pior subjectividade do que procurar ser objectivo, sobretudo quando se analisa comportamentos humanos.


Bibliografia/Sitografia

Carmo. H., Ferreira, Manuela (1998). Metodologia da Investigação – Guia Para a Auto – Aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.

Bodgan. R., Biklen. S.(1994). Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À Teoria E Aos Métodos. Porto: Porto Editora.


Landshere, G. de (1986). A Investigação Experimental em Pedagogia. Lisboa: Publicações D. Quixote.


Woods, Peter (1999). Investigar a Arte de Ensinar. Porto: Porto Editora.

http://www.fisterra.com/mbe/investiga/cuanti_cuali/cuanti_cuali.asp

http://www.southalabama.edu/coe/bset/johnson/dr_johnson/2lectures.htm


http://www.socialresearchmethods.net/kb/contents.php


[1] A metodologia a adoptar numa dada investigação depende da natureza das “questões – problema” formuladas, assim como do próprio “produto final” que se procura obter com o trabalho realizado.

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Bem Vindo(a)

Este espaço, aberto a todos os colegas e Professores do Mestrado em Supervisão Pedagógica 2007/2009, da Universidade Aberta, pretende consignar temas e reflexões sobre vivências, experiências e novas aprendizagens, no âmbito da unidade curricular de Investigação Educacional.