As positividades não caracterizam formas de conhecimento
Foucault
Introdução
As primeiras tentativas no âmbito da investigação em educação realizaram-se sob o signo do positivismo e do paradigma quantitativo, uma vez que se procurava uma explicação causal para os fenómenos; porém, este modelo cedo se revelou insuficiente e a tendência actual é para a conciliação entre métodos quantitativos e qualitativos, procurando, mais do que explicar, compreender os fenómenos educativos em toda a sua complexa dimensão.
Sabendo que a investigação pressupõe:
1) um questionamento sistémico, planeado e crítico; e
2) espírito de curiosidade e vontade de compreender algo, a metodologia a adoptar na investigação depende da natureza das questões – problema formuladas, assim como o próprio “produto final” que se procura obter.
Como se desenrola o processo de investigação? Que perfil deve ter o investigador? Quais as etapas que se tem que percorrer? A que dados recorrer? Que técnicas utilizar? É possível chegar a conclusões válidas? Que fazer com os resultados?
Foram estas questões que nos levaram a encetar diversas leituras e a elaborar um guião que, no nosso entender, contempla os vários passos que deve dar o investigador em educação[1].
Assim, o plano por nós desenvolvido foi estruturado com base numa investigação qualitativa, por este ser o tipo de investigação mais utilizada na área das Ciências da Educação.
Este paradigma tem, segundo Bogdan e Biklen (1994), cinco características:
1) a fonte directa de dados é o ambiente natural, sendo o investigador o principal instrumento;
2) carácter descritivo;
3) os investigadores interessam-se mais pelo processo do que pelo produto;
4) a análise de dados é feita de forma indutiva; e
5) é dada uma vital importância ao modo como as diferentes pessoas envolvidas interpretam os significados.
O paradigma qualitativo prevê, durante a investigação, a contextualidade e a subjectividade de atitudes e respostas inerentes à condição humana, o que o transforma no melhor modelo de investigação quando o objecto de estudo são as pessoas, as suas relações e comportamentos.
1. Elaboração de um pré – projecto de investigação tendo como base a identificação prévia das áreas de pesquisa a desenvolver recorrendo à análise/exploração de trabalhos de pesquisa existentes, a par da teoria em vigor
Pré – Projecto
. Título (mesmo que este possa vir a ser alterado);
. Objectivo da investigação:
- problema de investigação;
- justificação do estudo;
- limitações do estudo;
- questões ou hipóteses de investigação;
- definição de termos (palavras – chave do estudo a realizar);
- revisão da literatura.
2. Procedimentos a ter em conta para a elaboração do projecto de investigação:
. Apresentação do plano de investigação;
. Indicação do processo de amostragem (sua justificação);
. Instrumentos de pesquisa a utilizar;
. Actividades a desenvolver (descrição pormenorizada de todas as etapas / fases da investigação);
. Validade (de que forma será levada a cabo a validade interna do estudo);
. Análise de dados;
. Calendarização.
. Referências bibliográficas.
3. Projecto de Investigação:
3.1 - Planeamento
- Formulação do Problema que dá origem ao estudo a realizar,
- Identificação dos objectivos, relevância e limitações
- Formulação da pergunta inicial: observar o quê?
- Formulação de questões e das intenções/hipóteses de investigação (resultantes da pergunta de partida), tendo em vista a clarificação do objecto de estudo e que serão a referência para a posterior definição dos rumos da investigação
- Revisão da literatura sobre o assunto;
- Escolha do modo de abordagem de recolha e análise de dados (Paradigma ou método de Estudo - quantitativo ou qualitativo)
- Elaboração de um plano de investigação
* estratégias de recolha de informação que serão orientadas por perguntas e hipóteses, tendo em atenção o inesperado;
* definição do objectivo da pesquisa;
* definição clara da meta ou etapas a alcançar pelo investigador: estudos exploratórios (fazem o reconhecimento de uma determinada realidade); estudos sociográficos ou descritivos; e estudos verificadores de hipóteses causais (partem das hipóteses para a sua verificação)
- Selecção de técnicas de investigação
- Selecção e/ou construção de instrumentos de pesquisa
- Identificação e articulação dos recursos necessários à investigação (exequibilidade)
* Apoio financeiro;
* Apoio logístico;
* Apoio documental;
* Orientação científica.
3.2 - Obtenção de acesso ao campo de estudo
3.3 – Elaboração das grelhas de análise dos dados
3.4 - Análise do campo
3.5 - Recolha de dados
- Observação
- Entrevista
- Fotografia
- Documentos/estatísticas oficiais
- …
3.6 - Elaboração das notas de campo
3.7 - Análise dos dados recolhidos
- Interpretação dos dados tendo como base os estudos teóricos
3.8 - Elaboração das conclusões
3.9 – Divulgação dos resultados
Conclusão
Bibliografia/Sitografia
Carmo. H., Ferreira, Manuela (1998). Metodologia da Investigação – Guia Para a Auto – Aprendizagem. Lisboa: Universidade Aberta.
Bodgan. R., Biklen. S.(1994). Investigação Qualitativa em Educação – Uma Introdução À Teoria E Aos Métodos. Porto: Porto Editora.
Landshere, G. de (1986). A Investigação Experimental em Pedagogia. Lisboa: Publicações D. Quixote.
Woods, Peter (1999). Investigar a Arte de Ensinar. Porto: Porto Editora.
http://www.fisterra.com/mbe/investiga/cuanti_cuali/cuanti_cuali.asp
http://www.southalabama.edu/coe/bset/johnson/dr_johnson/2lectures.htm
http://www.socialresearchmethods.net/kb/contents.php
[1] A metodologia a adoptar numa dada investigação depende da natureza das “questões – problema” formuladas, assim como do próprio “produto final” que se procura obter com o trabalho realizado.
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